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Conheça a trajetória de Miguel Livramento, ícone do jornalismo esportivo em SC e que morreu nesta quarta

Conheça a trajetória de Miguel Livramento

Uma informação errada sobre o Avaí no rádio despertou em uma loja de eletrodomésticos no Centro de Florianópolis a carreira de um dos maiores nomes do jornalismo esportivo de Santa Catarina. Parece um irônico acaso, mas Miguel Livramento acreditava ser o destino. O craque do jornalismo esportivo morreu na noite desta quarta-feira (2), após sofrer uma parada cardiorrespiratória em casa, no bairro do Itacorubi, em Florianópolis.

Em 1971, ele era um funcionário sempre atento a um rádio ligado na Loja C Ramos, no calçadão da Capital. Veio então a notícia de última hora anunciada por um amigo locutor da Rádio Anita Garibaldi, sediada nas imediações do comércio, sobre o time de coração de Miguel: um ex-avaiano morreu.

— Eu passei a mão no telefone da loja e liguei para ele [o locutor]. “Olha, não foi o Gama que jogou no Avaí que faleceu, foi o irmão dele”. Aí ele disse: “Espera aí que você dá a notícia no ar”. Eu tremi para falar, mas falei. Ele disse que eu era bom para ser um comentarista, um repórter. E ali começou – relatou Miguel à TV Alesc.


A virada de chave foi narrada por um saudoso, mas ainda ativo Miguel à TV Alesc no fim do ano passado, em entrevista em que revisitou toda a carreira e vida, encerrada nesta quarta-feira (2), ocasião em que ele morreu aos 81 anos.

Manezinho adotado pela Ilha, Miguel Aroldo Livramento nasceu em Biguaçu, na Grande Florianópolis, em 8 de maio de 1942.

Ele cresceu na cidade, onde viveu na casa dos avós, até os 16 anos, quando se mudou para a residência dos pais no bairro Estreito, em Florianópolis, para trabalhar.

Optou de início pela profissão de alfaiate, mas, por indicação de um tio, foi contratado em seguida pela loja de eletrodomésticos em que trabalhou por 12 anos como vendedor, balconista e chefe de crediário, até ouvir o destino pelo rádio.


Miguelzinho, como também era conhecido, chegou a se dividir por um tempo entre a loja e a extinta Rádio Anita Garibaldi, para onde corria ao meio-dia para gravar passagens comerciais.

Fez um primeiro teste como comentarista em um jogo em Lages, a convite de Evaldo Bento, em estreia que rendeu elogios do já consolidado Adir Brígido Silva. A primeira oportunidade como repórter de campo surgiu na Rádio Jornal A Verdade, em que também passou a substituir locutores até ganhar um programa musical e depois, ser um dos destaques do Zero Hora Esportiva, na mesma emissora, diariamente, à meia-noite.

Em 1976 surge o narrador Miguel Livramento

Como repórter esportivo, Miguel entrevistou Pelé, no Adolfo Konder, em 1972. Ele ampliou a polivalência no jornalismo esportivo e, em 1976, passou a fazer narrações dos jogos, mais uma vez surpreendido pelos rumos que a vida tomou.


Em uma cobertura em Chapecó, um colega narrador não compareceu. Miguel, então repórter, faria de lá apenas eventuais entradas em meio à transmissão de uma outra partida que ocorreria em Florianópolis no mesmo horário. O jogo no Oeste, contudo, foi adiantado, e Livramento precisou tomar conta de uma narração improvisada para preencher a programação.

Em 1978, Miguel estreou na Rádio Guarujá, com um programa de variedades. Já no ano seguinte, chegou à televisão a convite do também icônico Roberto Alves, com quem firmou exitosa parceria na carreira, e na vida.

Ainda na primeira fase no vídeo, Miguel foi comentarista da TV Cultura, reencontrou Roberto no sucesso “Bola em Jogo” e virou rosto conhecido com comentários no “Jornal do Almoço” da RBS catarinense e ainda hoje em exibição pela NSC TV. Antes, também formaram dupla em Os Comentaristas, da RCE, juntamente com outros nomes do jornalismo catarinense na década de 1990.

Em 1987, chegou à Rádio Guararema, onde emendou memórias com outros grandes nomes do jornalismo esportivo, até voltar, nove anos depois, à Rádio Guarujá.

Na rotina dos catarinenses

A partir dali, Miguel Livramento se firmou na rotina dos catarinenses com mais dez anos no Grupo RBS, com comentários no Jornal do Almoço, discussões no Debate Diário, uma coluna no Hora de Santa Catarina e históricas transmissões dos jogos.


O jeito de comunicar ficou marcado pela irreverência e autenticidade, com bordões ainda hoje repetidas por fãs: da expressão “Esse Avaí fax côsa” ao viral “Se isso aí não é pênalti, a minha vó é uma bicicleta”.

Na transição da RBS para o grupo NSC, Miguel se mudou para curta passagem pelo SBT, voltou à Rádio Guarujá e depois atuou no Grupo VEG como debatedor.

Na noite anterior à que morreu, o comentarista participou de uma transmissão de um canal dedicado ao Avaí no YouTube para falar uma última vez sobre a equipe do coração, onde tudo começou.

Além do Avaí, do legado na comunicação catarinense e de uma legião de fãs, Miguel Livramento deixa quatro filhos.



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